terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Vidas - Isadora

Angela Isadora Duncan
(n.: São Francisco, 27 de Maio de 1877 - f.: Nice, 14 de Setembro de 1927) - Bailarina.



Isadora Duncan foi a segunda dos quatro filhos do poeta Joseph Charles e da pianista e professora de música Dora Gray Duncan. Viveu uma infância atípica para os valores da época; filha de pais divorciados, ela, a irmã e os dois irmãos foram criados pela mãe que, além de lhes proporcionar a educação clássica, fazia questão de lhes dar, desde cedo, aulas particulares de literatura, poesia, música e artes plásticas.

Desde os 4 anos, Isadora começou a frequentar aulas de ballet clássico. Na adolescência, apresentava-se acompanhada pelos três irmãos, ao som do piano tocado por sua mãe. Isadora revelava um temperamento transgressor que a levaria a abandonar as convenções do ballet da época, cujas técnicas eram extremamente rígidas. Aos 11 anos, a jovem Isadora já apresentava uma sensibilidade muito particular, desenvolvendo uma maneira própria de dançar. Nessa idade, começou também a dar aulas da sua nova técnica. Ao romper com os padrões clássicos, Isadora Duncan propõe uma dança liberta de espartilhos, meias e sapatilhas de ponta, apresentando-se em espectáculos a solo baseados em improvisações, dando ênfase aos gestos corporais assimétricos. Os seus movimentos eram inspirados nos fenómenos da natureza, como o fluir das ondas do mar, do vento e a força das tempestades. Passou a dançar de pés descalços, vestindo apenas túnicas de seda coloridas, o que causou escândalo entre a conservadora mentalidade da época. Foi buscar referências às danças rituais da Grécia antiga e incorporou nos seus trabalhos peças de Chopin e Wagner que, na época, eram executadas apenas para serem ouvidas e não dançadas.
Para aperfeiçoar o seu ballet, dedicou-se a estudos aprofundados sobre a origem da dança e as suas diversas expressões em diferentes culturas. Tais estudos resultaram numa série de textos e ensaios teóricos sobre a dança, o papel da cultura e a vinculação ao seu trabalho. “Desde o início sempre dancei a minha vida”, disse ela certa vez, demonstrando o modo particular como encarava a sua arte.
Depois de passagens por Chicago, Nova Iorque e Londres, chegou a Paris em 1900. A sua chegada a França causou grande polémica pelo seu ballet revolucionário e os seus véus transparentes, mas encontrou finalmente o reconhecimento que procurava quando se apresentou no teatro Sarah Bernhardt. Rapidamente conseguiu contratos para se apresentar na Alemanha, Hungria, Rússia, Grécia…
Isadora promoveu uma reviravolta não só na dança, mas também nos costumes. A sua postura irreverente provocou a ira conservadora de muitos. Era avessa à instituição casamento e diz na sua autobiografia: ”Comecei a observar o rosto das senhoras casadas, amigas de minha mãe, e não houve um em que não achasse ……… os estigmas da escravidão. E fiz o voto de jamais me rebaixar a situação tão degradante…….” Com efeito, causou escândalo na época pelos seus tórridos casos amorosos com diversos amantes, entre eles o produtor teatral Gordon Graig, com quem teve a sua filha Deirdre, e o milionário herdeiro do império das máquinas de costura, Paris Singer, pai do seu filho Patrick. O seu espírito livre tornou-se símbolo da independência feminina.
Parte para a União Soviética à procura da liberdade de que tanto necessita, no trabalho e na esfera afectiva, na qual demonstra constante instabilidade emocional. E subverte igualmente nas coreografias, inspirando-se nas danças sagradas da Grécia Antiga. Os cenários eram igualmente despojados, geralmente decorados apenas com uma cortina azul.
O seu trajecto profissional desenrolou-se principalmente nos palcos europeus, no início do século XX, onde brilhou intensamente, principalmente pela curiosidade despertada em torno de sua técnica inovadora e também pela sua vida tumultuosa e intensa.
Isadora morreu cedo, pouco tempo após a publicação de sua autobiografia Minha Vida, vítima de um acidente trágico, em Nice, quando ao partir no seu carro descapotável, a écharpe se prendeu nas rodas do veículo, asfixiando-a. Durante anos uma amiga disse que as últimas palavras proferidas antes de entrar no carro conduzido por um jovem, foram: "Adeus, amigos! Vou para a glória."
Em homenagem à bailarina, foi criada em 1979, a Isadora Duncan Dance Foundation, em Nova Iorque.
Os arquivos pessoais de Isadora Duncan estão atualmente no Lincoln Center, também em Nova Iorque.

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